5 de novembro de 2010

PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA

   A economia brasileira, finalmente, começou a crescer: como o dinheiro usado para financiar o tráfico ficou, digamos, "livre", começaram os primeiros investimentos nas cidades. Foi mudança atrás de mudança.
Surgiram estradas de ferro, telégrafos, indústrias... Uma figura muito importante nesse processo foi o Barão de Mauá, que investiu bastante em novas tecnologias. Só que, para haver indústria e modernização, primeiro a escravidão tinha de acabar. E de uma vez por todas!
   Mas nossa monarquia era como um banquinho de três pés: um pé era o Exército, outro era a Igreja e o mais importante era o da escravidão. Por isso, não ia ceder assim tão fácil à abolição.
   Dá para entender, então, por que a monarquia começou a balançar (e muito!) quando a escravidão começou a entrar em decadência. Essa foi a causa principal do fim do império e da Proclamação da República. Mas existiram outras... Aposto que você não consegue adivinhar quais foram!
 

   As cidades começaram a se modernizar e a se posicionar contra a escravidão, associada à monarquia. E as cidades queriam distância da monarquia! Por isso, começaram a batalhar pela República, junto com os fazendeiros de café do oeste paulista, que queriam o fim da escravidão porque já usavam a mão-de-obra imigrante.
Estamos no ano de 1870, e d. Pedro II já era um senhor de 45 anos. Surgiu no Rio de Janeiro o primeiro partido republicano, e não demorou muito para os clubes republicanos aparecerem por todo o Brasil, e com eles os jornais republicanos!
   É que ser republicano era um jeito de pensar, naquela época. Era ser contra a monarquia, era querer acompanhar as mudanças do mundo, modernizar o Brasil, incentivar a indústria e o trabalho assalariado _ ih, tanta coisa!
   Por outro lado, é certo que os republicanos só concordavam neste ponto: que queriam a República. As discussões começavam a esquentar quando eles resolviam decidir de que jeito iam proclamar a República.
   Uns queriam a participação do povo _ os "revolucionários". Outros queriam que a proclamação acontecesse sem maiores traumas, numa boa _ os "evolucionistas". Mas como os dois queriam a república, acabaram tendo de se unir e agüentar uns aos outros... pelo menos até a proclamação.

A BATINA CAI!

  As coisas, definitivamente, não iam nada bem para quem era ligado à monarquia e à escravidão, os chamados "conservadores". A Igreja e o Exército, os outros dois "pés" da monarquia, também estavam bambos... A Igreja porque queria liberdade. Ela vivia subordinada ao imperador, segundo uma tradição muito antiga, de Portugal, conhecida como padroado.
   A tradição dizia que era o imperador quem escolhia os padres para os cargos importantes da Igreja (bispo, arcebispo...). Mesmo as ordens do papa aos padres só podiam ser cumpridas se o imperador aprovasse.
   Pois não é que em 1872 o papa lançou um decreto proibindo que os padres participassem de uma sociedade secreta chamada maçonaria, muito importante na época? Os bispos de Olinda e de Belém decidiram obedecer ao papa. Mas o imperador não gostou dessa "desobediência" e mandou prender os bispos.
   Ih! Foi como mexer em um vespeiro: a Igreja se sentiu ofendida, mesmo depois que d. Pedro II soltou os bispos, três anos depois, em 1875. Pior para d. Pedro, porque a Igreja abandonou o imperador e se aliou aos republicanos. Quem mandou prender bispo?
E A FARDA TAMBÉM!
  O Exército também não morria de amores pelo reinado. Ele sempre esteve em uma posição inferior à dos policiais civis. Só que, depois da Guerra do Paraguai, que durou de 1865 a 1870 (acabou, portanto, dois anos antes da prisão dos bispos), o Exército passou a exigir mais respeito e a reconhecer sua importância.
   Afinal, quem tinha dado o sangue na guerra _ literalmente? E ficou mais corajoso para criticar o Império, que o tratava tão mal.
   Para ter uma idéia, os militares eram proibidos até de discutir seus assuntos nos jornais!  Então, o Exército se uniu e passou a se organizar politicamente. Nem precisa dizer que os militares eram contra a monarquia e a favor... da República! Não é de admirar que tenha vindo deles mesmos o golpe da proclamação...

FINALMENTE: É O FIM DA ESCRAVIDÃO!
No dia 13 de maio de 1888, sem suportar mais tanta pressão, o Brasil declara o fim da escravidão. Quem assina a lei Áurea é a princesa Isabel, já que d. Pedro II está fora do Brasil. Agora o fim do Império está muito, muito próximo. A escravidão, que sustentava o reinado, ia acabar sendo a principal responsável pelo seu fim! A partir de então, ela virou assunto para os livros de história.



  Um ano depois, no dia 11 de junho de 1889, a monarquia acaba reagindo e faz uma última tentativa de salvar sua pele, com o visconde (um título de nobreza muito importante) de Ouro Preto. Ele propõe reformas, que são medidas para melhorar a situação do país. Só que as reformas que o tal visconde propôs eram muito parecidas com as propostas dos republicanos.
   E isso ficava bem estranho para alguém que era contra a República, mas a favor da monarquia, não é? Tão estranho que o presidente do Conselho (um grupo de pessoas que ajudava o imperador a tomar suas decisões), Pedro Luís Soares de Souza, exclamou para o visconde:
_ Mas é a República!!

O visconde de Ouro Preto nem se abalou e respondeu na lata que era justamente o contrário: aquele era o único jeito de tentar salvar a monarquia _ dando aos insatisfeitos (que no caso eram os republicanos) o que eles queriam. Só que naquele estilo "para inglês ver", claro...

Só que a Câmara, outro grupo que ajudava o imperador a fazer as leis e devia aprovar as reformas, não gostou desse papo do visconde. É que a Câmara achava que essa história de fazer reforma da monarquia com cara de república não caía nada bem... Resultado: a Câmara não aceitou as reformas.
   Que remédio? D. Pedro II mandou aquela Câmara embora e chamou mais gente para formar outra. Essa outra Câmara iria se reunir no dia 20 de novembro de 1889. 

O GOLPE DO DIA 15 DE NOVEMBRO!


   Os militares e o marechal Deodoro da Fonseca foram mais rápidos que a Câmara-tartaruga! E tudo começou quando o Partido Republicano do Rio de Janeiro e o de São Paulo começaram a insistir com os descontentes militares para que eles comandassem o movimento pela Proclamação da República. Eles sabiam que era naquela hora ou nunca!

Então, no dia 11 de novembro, figuras muito importantes da época se reuniram na casa do marechal Deodoro da Fonseca, tudo para convencê-lo a proclamar a República, de uma vez por todas. Essas figuras eram Rui Barbosa, Benjamin Constant, Aristides Lobo e o coronel Sólon, entre outros.

E parece que deu certo: no dia 15 de novembro de 1889, o marechal Deodoro deu um golpe militar, mandou d. Pedro II passear e proclamou a tão esperada e sonhada República!


   Tudo o que aconteceu entre a Proclamação da República e a Revolução de 1930 faz parte da República Velha, ou seja, a primeira República do Brasil. Foram 13 presidentes:
Marechal Deodoro da Fonseca: de 15/11/1889 a 23/11/1891
Marechal Floriano Peixoto: de 23/11/1891 a 15/11/1894
Prudente de Moraes: de 15/11/1894 a 15/11/1898
Campos Salles: de 15/11/1898 a 15/11/1902
Rodrigues Alves: de 15/11/1902 a 15/11/1906
Afonso Pena: de 15/11/1906 a 14/06/1909
Nilo Peçanha: de 14/06/1909 a 15/11/1910
Marechal Hermes da Fonseca: de 15/11/1910 a 15/11/1914
Wenceslau Bráz: de 15/11/1914 a 15/11/1918
Delfim Moreira: de 15/11/1918 a 27/07/1919
Epitácio Pessoa: de 28/07/1919 a 15/11/1922
Artur Bernardes: de 15/11/1922 a 15/11/1926
Washington Luiz: de 15/11/1926 a 24/10/1930
    Vamos lá! Parece pouco tempo, mas muita coisa aconteceu. Tudo começou com Marechal Deodoro da Fonseca.
   Toda República que se preze precisa de um presidente que seja eleito através de votos e de um Congresso Nacional com deputados e senadores. Enquanto essa regrinha não era aplicada, Sr. Deodoro ficou no Governo Provisório e abusou do poder, viu? Escolheu só quem era seu amigo para o governo e eram presos aqueles que se opusessem a ele.
    Mas a primeira Constituição Republicana do Brasil foi criada e a primeira eleição chegou!    Havia dois candidatos: Marechal Deodoro da Fonseca e Prudente de Moraes, que era do time rival. Deodoro foi eleito presidente, mas para equilibrar o poder, elegeram para vice-presidente um senhor que jogava no time de Prudente de Moraes. Era Floriano Peixoto.
Marechal Deodoro brigou com muita gente e queria mandar em tudo sozinho, fazer uma ditadura no Brasil. Mas todos que queriam uma República de verdade, forçaram-no a renunciar em 23 de novembro de 1891. O vice-presidente, Floriano Peixoto, ficou em seu lugar.

     Chegou a vez de Floriano Peixoto, mas não chegou a vez da República. Floriano, militar como Deodoro, governou o Brasil com mãos de ferro. Também queria mandar em tudo sozinho, demitia seus inimigos e não se importava com as leis.
Mas, mesmo com todos estes absurdos, Floriano tinha muito fãs. Graças a algumas ações como baixar o preço da carne, fixar os valores de aluguel e lutar bravamente na Revolta Armada, Floriano conseguiu cumprir todo seu mandato.
    É claro que os militares queriam continuar no poder, eleger outro Marechal para presidente. Porém, os Barões do Café (lembra deles?), com todo dinheiro que tinham, fizeram muito pelo Brasil, ajudando Floriano a vencer as revoltas que ocorriam  no país. Com isto, Prudente de Moraes, paulista, que não era marechal, general nem tenente, conseguiu se candidatar e foi eleito com 84% dos votos!
Agora, sim. Com Prudente de Moraes, o Brasil começou a caminhar para a República de verdade.
Seu período na presidência foi muito conturbado, cheio de revoltas, grupos diferentes disputando o poder, mas o “pacificador”, como ele era chamado, conseguiu deixar as coisas bem calminhas por aqui. Todas as revoltas chegaram ao fim, inclusive a maior delas, a Guerra de Canudos.
 GUERRA DOS CANUDOS

     Antônio Conselheiro andava pelo interior da Bahia. Cheio de fé, este homem queria acabar com as diferenças sociais, com a fome, com a pobreza e com as injustiças. Em 1893, ele e seus seguidores resolveram fundar um arraial, numa região pobre, árida, chamada Canudos.
Em Canudos, quase não havia dinheiro, mas todos trabalhavam em plantações, em criações de animais e toda a produção e o lucro eram partilhados. A região cresceu, com quase 25 000 habitantes, e tornou-se a segunda maior cidade da Bahia.
      O poder de Antônio Conselheiro era tão grande que o presidente Prudente de Moraes ficou preocupado e logo mandou um exército para destruir a região. A vitória parecia ganha, mas os “conselheiristas”, companheiros de Antônio Conselheiro, venceram.
    O medo aumentou! Uma nova tropa com 600 homens foi enviada. Mais uma derrota... Mais uma tropa com 1200 soldados... outra derrota!
    Todo país ficou espantado com a força de Canudos, alguns até achavam que os antigos monarquistas estavam ajudando Antônio Conselheiro!
    Em 1897, a última tropa foi enviada com mais de 6 mil homens. Durante as lutas, Antônio Conselheiro adoeceu e morreu. Com isto, mulheres, crianças e idosos se renderam e acabaram mortos. O restante dos “conselheiristas” perdeu a batalha e a cidade de Canudos foi totalmente destruída. 
     A República passou a ser considerada nova, quando Getúlio Vargas deu início ao término do poder oligárquico, dos governos comandados pelos poderosos cafeeiros. Veremos que nos anos seguintes haverá parcialmente um aumento da democracia, da representação popular e um avanço social e político.
Getúlio Vargas: de 03/11/1930 a 29/10/1945
José Linhares: de 30/10/1945 a 31/01/1946
General Eurico Gaspar Dutra: de 31/01/1946 a 31/01/1951
Getúlio Vargas: de 31/01/1951 a 24/08/1954
João Café Filho: de 24/08/1954 a 09/11/1955
Carlos Coimbra da Luz: de 09/11/1955 a 11/11/1955
Nereu de Oliveira Ramos: de 11/11/1955 a 31/01/1956
Juscelino Kubitschek: de 31/01/1956 a 31/01/1961
Jânio Quadros: de 31/01/1961 a 25/08/1961
Paschoal Ranieri Mazzilli: de 25/08/1961 a 06/09/1961
João Goulart: de 06/09/1961 a 01/04/1964
     Com as alegações de que João Goulart pertencia ao Partido Comunista, muitos queriam proibir a posse dele em lugar de Jânio Quadros, que havia renunciado. Para resolver este impasse, foi instituído um Regime Parlamentarista para que Goulart tivesse o poder dividido com o Primeiro Ministro.
10 Ministro - Tancredo Neves: de  07/09/1961 a 26/06/1962
10 Ministro - Francisco Brochado da Rocha: de 12/07/1962 a 14/09/1962
10 Ministro - Hermes Lima: de 15/09/1962 a 06/01/1963
Em contraponto, o Brasil passará por um regime militar rigoroso e violento de 1964 a 1985.
Paschoal Ranieri Mazzilli: de 01/04/1964 a 15/04/1964
General Castelo Branco: de 15/04/1964 a 15/03/1967
General Arthur da Costa e Silva: de 15/03/1967 a 31/08/1969
JUNTA MILITAR
Brigadeiro Márcio de Souza e Mello e
Almirante Augusto Hamann Rademaker Grunewald e
General Aurélio Lyra Tavares: de 31/08/1969 a 30/10/1969
General Emílio Garrastazu Médici: de 30/10/1969 a 15/03/1974
Ernesto Geisel: de 15/03/1974 a 15/03/1979
General João Baptista Figueiredo: de 15/03/1979 a 15/03/1985
     Os civis e a República voltam ao poder com o apoio do povo e José Sarney é o primeiro presidente em busca da redemocratização, após o golpe militar.
Tancredo Neves: Falecido antes de tomar posse
José Sarney: de 15/03/1985 a 15/03/1990
Fernando Affonso Collor de Mello: de 15/03/1990 a 02/10/1992
Itamar Franco: de 02/10/1992 a 01/01/1995
Fernando Henrique Cardoso: de 01/01/1995 a 01/01/2003
Luiz Inácio Lula da Silva: de 01/01/2003 – em exercício

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