19 de outubro de 2009

As galinhas e as minhocas


     

Marlene B. Cerviglieri
 
            Naquela tarde tão quente nem se pensava em ir para o recreio lá fora. Todos estavam cansados das atividades escritas que haviam sido muito boas.
            Nossa professora era uma senhora avó muito boazinha e delicada. Entedia a classe como se fossem seus netinhos, com muito carinho.
            Todos gostavam demais dela pelo tudo que nos ensinava. Dona Dora era o seu nome.
            Percebendo nosso cansaço pediu que sentássemos no chão num circulo bem grande. Ficamos contentes, pois sabíamos que ai viria uma de suas lindas historias.
            Já acomodados pediu-nos que fechássemos os olhos e imaginaríamos que estávamos numa praia linda e refrescante.             Respirem bem fundo e sintam o cheiro do mar.
            Assim ficamos por uns três minutos. Já despertos ficamos  esperando a historia que viria.
            -Bem minhas crianças, hoje vou contar a vocês a historia das galinhas e das minhocas.
            Num galinheiro muito grande, moravam algumas galinhas. Tinha um bom espaço, comida e água a vontade. Era verão e estava muito quente porem elas estavam felizes, pois depois de certa vitamina que receberam, estavam produzindo ovos sem muito esforço todo dia.         Felizes ciscavam a terra a procura de bichinhos para comer. Tinham um bom terreno para andar e seus pintinhos poderiam brincar a vontade.
            No começo algumas se negaram a tomar a tal vitamina. Até que o galo chefe da casa reuniu todas e explicou que seria bem melhor para elas. Afinal quem dá um terreno daquele para que elas ciscassem não iria quere fazer mal a elas.
            Deste dia em diante a vida seguiu tranqüila para todas. Já embaixo da terra estava havendo uma briguinha danada entre as minhocas. Como eram muito teimosas nunca chegavam a um acordo.
            Moravam bem e eram alimentadas com um produto chamado húmus, especial para minhocário.
            Mesmo assim estavam sempre se espremendo umas contra as outras insatisfeitas com a posição que estavam. Foi então que Minhoclaudia pensou em ir embora sair de lá procurar outro lugar para viver, não agüentava mais.
            O que ela não sabia era que sua irmã gêmea Minhocleide estava pensando o mesmo!
            Começaram a cavar um túnel, cada uma de um lado sem saber uma da outra. Quando chegou à metade dele é claro encontraram-se.           E agora quem vai voltar?
            Irritadas que estavam e cansadas começaram a discutir e a trocar ofensas uma com a outra.
            No final estava tão exaustas que não conseguiam nem se mover mais.  O que não sabiam também é que estavam bem debaixo de onde as galinhas ciscavam...
            O perigo estava rondando as teimosas minhocas. Foi quando duas galinhas que ciscavam aquele pedaço começaram a conversar.
            -É minha amiga estou tão feliz aqui, temos tudo não é mesmo?
            -Ah sim eu também estou muito contente.
            Às vezes pensei em sair do galinheiro e me aventurar no matinho ali adiante.
            Pensei que deve ter muitos bichinhos para se ciscar e procurar ervinhas deve ter muitas novidades.
            Mas ai me dei conta que aqui tenho segurança, os donos do terreno nunca deixam faltar alimento, até vitaminas nos dão!
            -Você teve juízo disse a outra galinha.
            Pensou muito bem.
            Tenho pena de quem não tem cabeça e fica teimando até acontecer uma desgraça.
            As duas minhoquinhas olharam uma para a outra e devagarzinho começaram a dar ré e voltar para seu minhocário.
            É minha irmã disse uma delas, temos que pensar melhor antes de sair por aí.
            Imagine se o Sol estiver forte morreremos na hora.
            Isso não se pensou na hora de cavar o túnel não é mesmo?
            Bem voltaram e pararam de implicar uma com a outra.
            No final da historia o que valeu é que se temos segurança dentro de nossas casas, porque procurar lá fora o que nem conhecemos?
            Brigas com irmãos, mal criação com os pais, para que?
            Não leva a nada. É bom sempre pensar antes de tomar uma decisão.
            Nunca sejamos precipitados. O perigo esta ai.
            E assim acabou a historia de dona Dora. Guardei para sempre e até hoje lembro-me dela com carinho e dizendo:
            __Para que se precipitar pense antes de tomar uma decisão. Com calma e boa vontade se chega lá!


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