18 de outubro de 2009

O fantasma do lustre

O Fantasma do Lustre


     Marlene B. Cerviglieri



            Estávamos todos reunidos na pequena biblioteca de nossa casa. Como era de costume sempre após o jantar fazíamos nossos deveres de escola. Eu, estava às voltas com meus teoremas, minha irmã com sua redação e meu irmão tentando recortar alguma figura para o cartaz de ciências.        Ali, entretidos, ouvimos um estalo vindo do alto. Um olhou para o outro e não dissemos nada, apenas balançamos os ombros como que dizendo: que foi? Continuamos concentrados. De repente a luz piscou duas vezes, mas, imediatamente, voltou e ficou normal. Ficamos quietos  novamente.
            De repente ouvimos um forte assobio... Aí então não deu para ficar quieto, saímos correndo da sala. Fomos direto à sala de estar onde papai e mamãe estavam dando uma olhadinha no jornal.
            - Que foi? perguntaram os dois já de pé tal a pressa com que adentramos a sala.
            - Tem um fantasma no lustre dissemos os três quase que gaguejando.
            - O quê? disse meu pai.
            - É um fantasma no lustre!
            Acompanhamos meu pai que levou consigo uma escada. Até ai então não entendíamos porque uma escada. Puxa, ele não tinha medo mesmo.
Subiu nela, vimos que apertava alguma coisa e depois delicadamente pegou algo. Desceu.
            - Prontos para ver o fantasma?
            Grudamo-nos uns nos outros...
            - Primeiro: a lâmpada estava meio solta. Apertei-a e agora não vai mais piscar. E aqui está o fantasma que assobiou para vocês.
            Abriu a mão e lá estava um inseto pequenino.
            - Papai, o que é isso?
            - Uma cigarra meus filhos, e elas  cantam, assoviam!
            Ficamos de boca aberta olhando.
            - Então não tem fantasma?
            - Claro que não.
            Voltamos a outra sala e lá meus pais riam do nosso susto.
            Puxa e eu que pensava que tinha um fantasma no lustre!
            A janela bateu com o vento e, novamente, saímos correndo.
            - Foi a janela - dissemos juntamente com as risadas de meus pais.
            Sempre que entro numa biblioteca lembro deste fato, olho para os lustres e procuro o fantasma, ou seja, as cigarras.


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